Criacionismo científico é uma auto-contradição

05:05 Herbster 0 Comentarios



"O autodenominado Criacionismo Científico é uma auto-contradição. Na verdade, é apenas mais uma tentativa de impor uma visão fundamentalista da origem do Mundo à Escola. Todo esse processo é antigo. Existe desde o célebre caso Scopes ocorrido no Tenessee (EUA) em 1925 em que um professor foi acusado de ensinar evolucionismo na escola - o que era proibido naquele estado. A partir de 1960, os criacionistas exigem igual tempo para Darwin e para o Gênesis nas escolas, pois, afinal a evolução seria apenas uma teoria. Como resultado, alguns estados estadunidenses (Kansas, Arkansas e Louisiana) aprovam a inclusão da seguinte advertência nos livros escolares: "a origem e criação do homem e seu mundo não é um fato científico". A Associação Nacional do Professores de Biologia recorre e vence na Suprema Corte em 1968.
Os criacionistas, então, mudam sua estratégia. Uma vez que a teoria da evolução não podia ser banida, passam a postular discurso que atribui ao criacionismo, status científico, com o fim de garantir seu ensino nas escolas em igualdade com o evolucionismo. Surgem, então expoentes dos criacionismo científico, posteriormente conhecido como Inteligent Design (Design inteligente). Entre eles, o bioquímico Michael Behe, autor do livro " A Caixa preta de Darwin". 
Em 1981, o juiz do caso do Arkansas, proferiu que "o conceito de Ciência não poderia ser aplicado ao autodenominado Criacionismo Científico" Em sua decisão, o Magistrado diz que "ciência é o que é aceito pela comunidade científica" e "o que os cientistas fazem". "As características essenciais da ciência são: 1) é voltada para as leis naturais; 2) deve ser explicativa em relação às leis naturais; 3) é testável no mundo empírico; 4) suas conclusões são provisórias, isto é, não constituem necessariamente a palavra final; e 5) é falsificável".
São características que faltam à "ciência da criação", explica o juiz, porque esta faz referência a uma intervenção sobrenatural, a um Criador que teria gerado o universo a partir do nada (creatio ex nihilo), ou seja, conforme escrito nos primeiros 11 capítulos do Gênesis. A autodenominada Ciência da Criação é, na verdade, religião, posto que seus argumentos não são explicativos em relação à natureza, não são testáveis nem falseáveis. Em poucas palavras, pertencem ao terreno da fé. Era inconstitucional, portanto, a lei do Arkansas, por violar a separação constitucional entre Estado e religião.

Mas, o que mais me chama a atenção é justamente o fato de os criacionistas usarem um glossário científico para tentarem legitimar um conhecimento que pertence ao magistério da fé. Em outras palavras, se há a necessidade de justificar cientificamente o mito da criação, afinal qual o lugar da fé nesse libelo pseudo-científico?"

Texto por Marcos Machado

0 comentários:

Postagem mais recente Página inicial Postagem mais antiga